sexta-feira, outubro 21

Inconsistência

Fatalidades atrozes de sua boca

Farpas lascadas duma tábua quebrada

Borboletas com espinhos pousam nas rosas

E outras flores de meu jardim


As águas agitam por penas de pomba

Lançadas com a força desmedida de gigante

Lama que se levanta em vermelho sangue

Nas ondas de onde a pena pousou


Felicidades atrozes parece-me sentir

Estímulos lascados duma mente insana

A dor de não sentir o ponto de quebra

E um alívio suave de início

Reconfortantemente desconfortável


Alegra-me este mal-estar saudável

Este rir do que dói

Rir por chorar e chorar de rir por doer


Mil cortes por uma faca de algodão

Corpo talhado em pequenas incompreensões


Abalo sísmico em suas palavras

Fendas que se abrem perante meus pés

O passo em frente sou eu quem o dá

Caio e sempre sinto que não caio


Sempre errei nas coisas certas que fiz

Mesmo nas que fiz por querer errar


Salva-me mar

Salva-me água

Brilho do Sol no espelho do Mundo

Fundo de mim no fundo do mar


Mata-me amar

Mata-me a mágoa

Brilho dos olhos sozinhos

Luz de mim para mim



Tiago Martins, 21 de Outubro de 2005.

1 Comments:

Blogger unknown said...

muito bonito..este poema...tem muito a ver comigo =))beijo grande

12:56 da tarde  

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