quarta-feira, novembro 9

O Dia Inesquecível para esquecer

Hoje todos foram ao cortejo! O Carnaval adiantou-se para Outubro, os jogos de poder saem à rua em tom de festa, as cervejas são as rainhas do dia, as ambulâncias andam aí, as ruas são cortadas, e lá vão eles, felizes e contentes, padrinhos e afilhados, no que consideram um dia inesquecível. E claro, a cidade assiste: uns abanam a cabeça para o lado, outros soltam umas gargalhadas, há também quem fique zangado e resmungue, e quem continue a viver como noutro dia qualquer! Falando cá por mim, fico sobretudo espantada como é que isto acontece. O Mundo não está nos seus melhores dias, está cada vez mais poluído, com fome, com guerra... Acho que não é preciso enumerar, tod@s nós o sabemos, ou devíamos saber. Mas, talvez por pensarmos que esses problemas estão todos longe de nós e não nos afectam, não fazemos nada para os alterar. Ou talvez por não acreditarmos que podemos fazer a diferença. Ou já não sonhamos alto e temos criatividade. Onde estão os jovens sonhadores de outra hora? Que sonhavam e faziam acontecer. Voltando ao inicio, fico mesmo espantada! Os jovens não se mobilizam como nestas “tradições académicas” para uma manifestação pela Paz, para um debate sobre o estado actual do Mundo, para um trabalho voluntário no bairro onde vive...E não, não acho que devemos tod@s trabalhar em prol do outro, ir para África fazer voluntariado, não beber nem fumar, e outras coisas que possam estar a pensar. A festa, a brincadeira, são demasiado importantes para serem postas de parte. Longe de mim querer insinuar tal coisa (se assim o pensaram). O espanto não está no facto de haver brincadeira, mas de não haver cidadania. Ou de haver mais afluência para a brincadeira do que para a cidadania, simplificando. Mais ainda, de haver brincadeira sem espirito critico. Parece que os jovens têm medo da mudança...Há quem diga que o cortejo da “latada” não teve grande participação, há quem acredite que os jovens podem mesmo mudar o Mundo, há quem diga que eles não andam a dormir nem estão alienados, que são inteligentes e bem informados. Não digo que sou assim tão optimista, mas ainda assim, sou quanto baste, tanto mais não seja por acreditar naqueles jovens que vejo mudar um pouquinho do Mundo. Mas há dias assim, em que fico triste pelo Mundo em que vivo, não aquele Mundo longínquo que não consigo tocar, mas aquele Mundo muito próximo. Neste caso, a Universidade, os estudantes, os jovens... Há dias que são mesmo para esquecer!
25 de Outubro de 2005 - Diana Dias – 3º ano de animação sócio-educativa

ps - e faço minhas as palavras de tão elementar Amiga e Parente! :)