quarta-feira, fevereiro 22

...uma fase...


Depois de todo o caos passar, depois da maré vazar, deparei-me com opções e com decisões obrigatórias! Ninguém sabia o quanto isso me custava! Quanto mais me esforçasse por explicar, mais difícil se tornava de ser vista como normal!
A preocupação exagerada de todos foi o meu desespero… e tentei acalmar essa agitação! Incapaz, tomei uma posição extrema e revelei-lhes algo para o qual não estavam preparados! Chamaram-me maluca, pediram-me que procurasse ajuda psicológica… tentaram chamar-me à Razão! Tentaram modelar-me dentro dos limites impostos por tão “perfeito” sistema… o nosso!
Lutei, reforcei as palavras que havia proferido anteriormente, mas ninguém as compreendeu! As palavras começaram a sair disparadas e a língua ganhou vontade própria! Eles ganharam a Razão! Entreguei-lhes, pessoalmente, a certeza… Eu estava maluca! As minhas opiniões, os meus conceitos, as minhas frases, … nada do que eu dizia fazia sentido para eles, nada do que eu pensava e afirmava era certo ou correcto!
Fiquei novamente “alterada”, como eles tanto gostam de dizer e procurei, a custo, um novo refugio onde pudesse por as ideias em ordem!
Nova introspecção, novo realinhar de uma personalidade já cansada de tantas mudanças e adaptações!
O tempo não concedeu perdão e levou com ele as horas, os dias, … todo e qualquer segundo de indecisão, de pressão, de tentativas falhadas de ser ouvida!
Pensei… pensei muito… vi-me bem ao espelho e moldei-me novamente procurando um bom disfarce, uma forma de deixar morrer a velha imagem, ou de pelo menos fazê-la desaparecer das várias bocas que tão abertamente diziam, desmedidas, saber o melhor para mim, sem primeiro perceberem a função dos ouvidos a que estão coladas!

segunda-feira, fevereiro 20

Primeiro dia

Primeiro dia de aulas, regresso ao ar inspirador de Viana e ao conforto dos amigos. Acordo de manhã estranhamente bem disposto. As ideias saem de mim viçosas... mas, ao fim do dia começo a desconfiar... não é fácil gerar um sorriso pela madrugada.


Sei que é o primeiro dia
De muitos outros que virão.
Uns ares de alegria,
Como os que voavam outrora.

Um pequeno ruído de fundo.
Não incomoda por enquanto.
Sento-me à parte, mudo.
Imagino a desgraça que virá.

Está tudo tão sossegado.
Estranhamente calmo.
O ar, menos carregado
Que a última vez aqui.

Este bem estar, não sei se dura.
Há pontas de pensamentos por aí,
E numa mente de confusão pura,
Nunca se sabe o amanhã.


Tiago Martins, 20-02-2006.